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    Se chovesse


    Quando anoitecesse no cerrado

    E profundo eu dormisse
    Então sonhasse ter me tornado chuva

    E visse alguém que amasse
    E sofresse por esse amor

    Na rua onde eu chovesse
    E eu me embrenhasse em seu pranto

    Até que a tristeza confundisse
    E sem querer o alegrasse e encorajasse
    Pra que ele se declarasse

    À sua amada e tudo clareasse
    E o casal se abraçasse

    Se beijasse, se quisesse
    Mas quando o desejo incendiasse

    E então suor eu me tornasse
    Pelos corpos passeasse

    E de amor me perfumasse
    Até que o corpo se cansasse

    E eu visse que o dia raiasse
    Pra que eu evaporasse

    E pro céu eu voltasse
    E de novo esperasse

    Que ele se nuveasse
    E novamente eu descesse

    Até outro alguém que precisasse
    Que de cupido me fingisse

    E então o abençoasse
    E toda estória sempre se sucedesse

    Com o mesmo desenlace
    Então feliz eu acordasse

    Com o som da chuva

    E ela me entorpecesse
    Com cheiro de terra molhada

    E para a praça eu corresse,
    Com ela me banhasse

    E no meu sonho acreditasse,
    O coração apertasse

    E por você eu gritasse
    Se porém não aguentasse

    E mais uma vez chorasse
    E a enxurrada meu

    Pranto te mandasse
    Que pelo menos ele servisse

    Como água que seu jardim bebesse
    Se um dia ele florescesse

    E você se encantasse
    E flores então colhesse

    Pra que seu quarto enfeitasse
    E à toa eu me arrepiasse

    Como se eu adivinhasse
    Que bastava que o aroma sentisse

    Pra que de mim se recordasse
    E voltasse sem que nada me dissesse
    Somente acreditasse que

    Nada existiria que nos separasse
    Então pra calçada eu te puxasse

    E de chuva o nosso amor se inundasse
    No nosso beijo ela brincasse

    E sem querer minha lágrima você bebesse
    E dentro de você me enraizasse,

    Então pediria a alguém que me trancasse
    Que a chave fora jogasse

    Pra que de seu coração

    Eu nunca mais escapasse.

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